quinta-feira, 4 de julho de 2013

Pontes em péssimo estado de conservação colocam em risco a vida de pedestres

Sem nenhum tipo de proteção, alguns pedestres chegam a arriscar suas vidas passando com bicicleta pela ponte de madeiraSem nenhum tipo de proteção, alguns pedestres chegam a arriscar suas vidas passando com bicicleta pela ponte de madeira
Considerada uma das áreas mais carentes da cidade, a Águas Maravilhosas sofre há décadas com o abandono das autoridades. Por ter crescido de maneira desordenada em um terreno onde funcionava um lixão, os serviços públicos acabam não chegando no local, devido ao impasse sobre qual a melhor solução: a urbanização ou a remoção dessas pessoas para outro local.

Enquanto nada é de fato decidido e resolvido, essas pessoas vivem de maneira precária. Um exemplo disso é a questão da acessibilidade. Como a comunidade é cortada por um dos braços do Rio Macaé, um dos motivos do impasse, a travessia de um lado ao outro é feita apenas por duas pontes de madeira improvisadas.

Construídas há décadas pelos próprios moradores, essas pontes hoje são sinônimo do abandono. Atravessar por ali é uma tarefa que requer atenção e sorte. Isso porque a chance de cair é grande. Jornalistas estiveram no local essa semana e conversaram com alguns moradores que pedem por melhorias.

A situação é bastante crítica. Em uma das pontes, a parte da estrutura desabou, sendo improvisada com uma tábua para que os pedestres possam passar. Para piorar, é preciso se equilibrar, já que nenhuma delas conta com guarda-corpo. Sem muita alternativa, algumas pessoas chegam a arriscar passando com bicicleta.

"Já tinha um tempo que eu não passava por aqui e percebi que agora está bem pior. Está muito perigoso. Vim descendo como de costume, mas não tem como passar aqui. Foi a última vez. A outra ponte mais lá para dentro está ainda pior. A nossa única opção é passar pela Linha Azul, no acostamento. Mas muita gente não quer dar essa volta maior e acaba se arriscando. Isso aqui está abandonado, nunca recebeu uma manutenção da Prefeitura. Quando os moradores cismam, eles mesmo tentam recuperar. São duas passagens e todas elas ruins", conta José Rodrigues.

Segundo a Prefeitura, todas as pontes do município, independentemente do tamanho, estão passando por uma avaliação e levantamento para, em seguida, começarem as obras de acordo com as necessidades.

Localizada às margens da Linha Azul, a Águas Maravilhosas foi um lixão por quase 30 anos. O local foi desativado no início dos anos 2000, mas até hoje deixa as suas marcas. Segundo ambientalistas do Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé (NUPEM/UFRJ), a situação dessa região é complicada e, devido à gravidade, não deveria ser habitada.

Existe um conflito em relação à água, ou seja, os moradores não podem pegá-la do subsolo porque ele está contaminado. Além disso, a área do lixão libera gás metano, podendo ocasionar incêndios e intoxicação na população que vive ali. Na época em que foi desativado, foram retirados lixos a mais de 1,3 metro de profundidade. 

Em 2010, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) apresentou um relatório esclarecendo a necessidade de remoção urgente dos moradores dessa área. Além do problema do lixão, existe a questão da proximidade com o rio. De acordo com o Código Florestal - artigo 2º - e com o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) - 303, artigo 3º - é necessária uma distância de, no mínimo, 50 metros para cursos d’água de 10 a 50 metros de largura (situação em que se enquadra o Rio Macaé).

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